1. ETIOLOGIA
1.1. AGENTE INFECCIOSO
O vírus da raiva pertence à família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus e espécie Rabies vírus.
1.2. CARACTERISTICAS
O vírus da raiva possui RNA de fita simples, polaridade negativa, linear, não segmentado. A família Rhabdoviridae está subdividida em dois subgrupos de vírus de plantas, um grupo de vírus de peixes e três grupos de vírus de mamíferos, este último correspondendo aos gêneros:
• Vesiculovirus, relacionado com doença vesicular em animais;
• Ephemerovirus, relacionado com a febre efêmera dos bovinos;
• Lyssavirus, relacionado com encefalomielite fatal em mamíferos.
Além desses gêneros, há outros três: Novirhabdovirus (que infectam peixes) e Cytorhabdovirus e Nucleorhabdovirus (que infectam plantas e invertebrados). O gênero Lyssavirus possui, atualmente, sete espécies distintas. O Rabies virus (RABV), que é o vírus clássico da raiva que causa infecção em mamíferos terrestres, morcegos hematófagos e morcegos não-hematófagos das Américas e pertence ao genótipo 1 – O Lagos bat virus (LBV), ou genótipo 2, que é o vírus isolado, pela primeira vez de morcego frugívoro da região do Lagos (Nigéria), em 1956. O Mokola virus (MOKV), ou genótipo 3, que foi isolado de mussaranhos (Crocidura sp) e de humanos, também da Nigéria, assim como de felinos do Zimbabwe e Etiópia. O Duvenhage virus (DUVV), ou genótipo 4, foi isolado de humano e posteriormente de morcegos insetívoros da África do Sul e Zimbabwe.
Ao contrário de muitos vírus que causam infecção aguda, o vírus da raiva ultrapassa as defesas imunes do hospedeiro por um longo período, devido ao seu extremo neurotropismo. Atinge principalmente o Sistema Nervoso Central (SNC) que pode acometer todos os mamíferos, inclusive os seres humanos. É caracterizada por uma encefalomielite fatal. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em seu Código Sanitário para os Animais Terrestres, lista a raiva na categoria das enfermidades comuns a várias espécies. Os vírus da Raiva apresentam morfologia característica, em forma de bala de revólver, diâmetro médio de 75nm e comprimento de 100 a 300nm, variando de acordo com a amostra considerada. O vírion é composto por um envoltório formado por uma dupla membrana fosfolipídica na qual emergem espículas de aproximadamente 9nm, de composição glicoprotéica. Este envoltório envolve o nucleocapsídeo de conformação helicoidal, composto de um filamento único de RNA negativo e não segmentado. Estudos bioquímicos têm demonstrado que, além do RNA, é composto estruturalmente por cinco proteínas: uma RNA polimerase RNA - dependente, uma glicoproteína de superfície, uma nucleoproteína, uma fosfoproteína, e uma proteína matriz.
Rabies virus
O vírus da raiva é sensível aos solventes de
lipídeos (éter, sabão, clorofórmio, sais minerais, ácidos, álcalis fortes e
acetonas), etanol à 45-70%, preparados iodados e compostos de amônia quartenária, aos agentes físicos (calor, luz ultravioleta) e às condições ambientais, como dessecação, assim como congelamentos e descongelamentos
sucessivos, relativa estabilidade a um pH entre 5-10, a luz ultravioleta e a temperaturas
de pasteurização.
Mesmo em condições ambientais adversas, o
vírus da raiva pode manter sua infecciosidade por períodos relativamente
longos, sendo então inativado naturalmente pelo processo de autólise.
A putrefação destrói o vírus lentamente, em
cerca de 14 dias.
2. TRANSMISSÃO
A principal forma de
transmissão é por contato direto com a saliva de animais infectados. Tendo em
vista a alta capacidade de adaptação do vírus da raiva as diferentes espécies
de mamíferos a doença apresenta distribuição cosmopolita.
2.1. RESERVATÓRIO
Os principais reservatórios do vírus da raiva
são mamíferos das ordens Carnivora e Chiroptera e apesar dos morcegos insetívoros, frugívoros e hematófagos
serem reservatórios do vírus, também podem atuar como vetor em alguns casos e
são os principais responsáveis pela manutenção do vírus no ambiente
silvestre.
A tipificação antigênica com anticorpos
monoclonais (Mabs), desenvolvida por
Victor
& Koprowski desde 1978 e, mais recentemente, a análise de seqüências nucleotídicas
têm sido utilizadas para identificar variantes virais associadas a focos de
raiva em todo o mundo. Esses dados, associados aos dados obtidos por meio da
vigilância epidemiológica, podem auxiliar efetivamente na identificação do
reservatório animal envolvido.
No Brasil, desde 1996, pela realização de um
teste de imunofluorescência indireta com a utilização de um painel de
anticorpos monoclonais contra a nucleoproteína viral, produzido pelo Centers
for Disease Control and Prevention (CDC), Atlanta, USA, e preestabelecido pela
Opas, para o estudo de amostras isoladas nas Américas, puderam ser
identificados seis perfis antigênicos preestabelecidos:
Variante 3 – Desmodus rotundus, também isolada de
outras espécies de morcegos;
Variante 4 – Tadarida brasiliensis, também isolada de
outras espécies não hematófagos;
Uma
variante semelhante à variante 5 – também
relacionada a isolamentos de morcegos hematófagos em outros países, isolada de
morcegos não hematófagos.
Variante 6 – Lasiurus cinereus, isolada de morcego
insetívoro e um perfil que mostra reações positivas a todos os Mabs utilizados,
observada em amostras de morcego não hematófago.
Em países onde a raiva canina é controlada e
não existem morcegos hematófagos, os principais reservatórios são os animais
silvestres terrestres, tais como as raposas (Vulpes vulpes), os coiotes (Canis
latrans), os lobos (Canis lupus),
as raposas-do-ártico (Alopex lagopus),
os raccoon-dogs (Nyctereutes procyonoides),
os guaxinins (Procyon lotor), os
skunks (Mephitis mephitis), entre
outros.
Por outro lado, onde a doença não é
controlada, como ocorre na maioria dos países dos continentes africano,
asiático e latino-americano, o vírus é mantido por várias espécies de animais
domésticos e silvestres.
No Brasil, a principal espécie animal
transmissora da raiva ao ser humano continua sendo o cão. Identificações
positivas de vírus da raiva já foram descritas em animais silvestres da fauna
brasileira, tais como as raposas (Dusicyon
vetulus), jaritatacas (Conepatus sp),
guaxinins (Procyon cancrivorous),
sagüis (Callithrix jachus),
cachorro-do-mato (Cerdocyon thous).
O ser humano é o hospedeiro final do vírus,
não podendo ser classificado como reservatório, pois este não transmite mais o
vírus para nenhum outro ser vivo.
2.2. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO
Os
principais meios de transmissão podem ser:
Por mordedura, arranhadura e lambedura – A
mais comum é pelo deposito de saliva em pele com ferimento existente ou mucosa
mesmo estando íntegra. A arranhadura por unha de gato, que tem o hábito de se
lamber, pode ser profunda, introduzindo o vírus. Os receptores do vírus rábico
no organismo encontram-se na pele e nas mucosas.
Zoofilia – Praticas sexuais com animais
(bestialismo) pela penetração do vírus na mucosa da região genital. No Brasil
há relato de 2 casos por essa forma de transmissão, um na década de 80 e o
outro no ano de 1997.
Inter-humana – Quando se desconhece que a primeira
pessoa morreu de raiva, possivelmente não se faz a suspeita do caso secundário,
transmitido pelo anterior. Na literatura há relato de dois casos na Etiópia:
Mãe após mordedura, em dedo da mão, do filho que faleceu de raiva; e filho que
beijou na boca, repetidas vezes de sua mãe, quando esta já estava com raiva.
Transplante de córnea – Foram descritos na
literatura 8 casos de raiva em pessoas que receberam transplante de córnea de
doadores que morreram de raiva, sem suspeitas que a causa do óbito fora por
raiva.
Pela via respiratória – Inalação de
aerossóis, provavelmente pela penetração da mucosa da oro-faringe ou das vias
aéreas superiores. A via nasal e particularmente as células neuroepiteliais
olfativas podem ser uma via alternativa de penetração viral, sendo que este
tipo de exposição pode resultar em uma infecção com baixa eficiência.
Outras possíveis vias: Transplante de órgãos,
transplacentária e mamária, ingestão de carne, leite e outros derivados, manipulação
de carcaça.
A resposta imune específica ao vírus da raiva possui dois componentes: a mediada por anticorpos e a mediada por células. Além da glicoproteína (G) ser imunodominante, a nucleoproteína (N) tem importante papel na resposta imune, visto que, através de uma interação, age na resposta imunocelular.
Cadeia Epidemiológica de Transmissão
da Raiva
2.3. CICLO DE TRANSMISSÃO
A adsorção vírus-célula é feita pela
glicoproteína (G), responsável pela indução de anticorpos neutralizantes, em
uma ligação específica (receptor celular – anti-receptor viral) e o vírus penetra
nas células por um processo de endocitose.
Uma vez dentro das células, o
ribonucleocapsídeo é liberado no citoplasma, onde o RNA negativo se replica,
dando origem ao RNA mensageiro (ciclo de transcrição primária), que codifica as
cinco proteínas e novos genomas, que são encapsidados e, ao nível das membranas
celulares, são liberados por brotamento.
Ao penetrar o neurônio o vírus torna-se
protegido pela bainha de mielina, que envolve o nervo, da ação dos anticorpos,
das células do sistema imune e da ação dos interferons. Por isso durante a
propagação passiva do vírus rábico pelos nervos não há produção de anticorpos
rábicos que possa bloquear seu caminho rumo ao SNC. Os interferons podem atuar
inibindo diretamente a replicação viral, e assim, a sua disseminação ou indução
as reações das células imunes são extremamente importantes no inicio da
infecção. O vírus da raiva é capaz de induzir a produção de interferons antes
de sua migração para o SNC.
A partir da intensa replicação no SNC, o
vírus da raiva segue em direção centrífuga, disseminando-se através do sistema
nervoso periférico e autônomo para diferentes órgãos e glândulas salivares.
Essa disseminação faz com que o vírus atinja, também, terminações nervosas
sensoriais do tecido cutâneo da cabeça e pescoço, onde se pode demonstrar a
presença de antígeno viral. Os vírus fixos, no entanto, não necessitam desta
intensa replicação nas células musculares e atingem, mais rapidamente, os
nervos periféricos.
A resposta imune específica ao vírus da raiva possui dois componentes: a mediada por anticorpos e a mediada por células. Além da glicoproteína (G) ser imunodominante, a nucleoproteína (N) tem importante papel na resposta imune, visto que, através de uma interação, age na resposta imunocelular.
As células apresentadoras de antígeno
(macrófagos, células dendríticas, células de Langherans etc.), quando entram em
contato com o vírus da raiva, os fagocitam e os processam para apresentação às
células imunes. Esta apresentação é fundamental para a ativação dos linfócitos
T auxiliares, que vão produzir diferentes citocinas; estas ativam diferentes
células implicadas na eliminação direta do vírus ou de células infectadas, e
auxiliam na produção de anticorpos pelos linfócitos B.
A estimulação dos linfócitos B para a produção
de anticorpos, infecção natural, só se da após o aparecimento dos sintomas
clínicos. A possibilidade de neutralização da capacidade infecciosa viral só se
da, portanto, após a invasão do SNC e neste momento a doença adquiriu uma forma
irreversível. O titulo de anticorpos neutralizantes permanece baixo ate a fase
terminal da doença e atinge seu pico próximo da morte.
O vírus pode
localizar-se também na retina e no epitélio da córnea e folículo piloso da
região da nuca.
3. SINTOMAS
3.1. PERÍODO DE INCUBAÇÃO
A variabilidade do período de incubação
depende de fatores como capacidade invasiva, patogenicidade, carga viral do
inoculo inicial, ponto de inoculação (quanto mais próximo do SNC, menor será o
período de incubação), idade, imunocompetência do animal, entre outros. O
período de incubação longo favorece a manutenção da doença de forma enzoótica.
No ser humano, o período médio de incubação é de 20 a 60 dias, embora haja relatos de períodos excepcionalmente longos.
No ser humano, o período médio de incubação é de 20 a 60 dias, embora haja relatos de períodos excepcionalmente longos.
Em cães, o período médio de incubação é de 3
a 8 semanas, com extremos variando de 10 dias a 6 meses.
Em skunks (Mephitis mephitis) foram observados períodos de 105 a 177 dias.
Em bovinos experimentalmente submetidos à
espoliação por morcegos Desmodus rotundus
infectados o período foi de 20 a 165 dias.
Em bovinos mantidos em condição de campo o
período foi de 60 a 75 dias.
Em bovinos inoculados experimentalmente por
via intramuscular o período foi de 25 a 611 dias.
Em experimentos envolvendo inoculação
intramuscular em caprinos e ovinos com amostras de vírus da raiva, obtido de
raposa Dusicyon vetulus, do Nordeste
brasileiro, o período de incubação variou de 17 a 18 dias.
Em asininos, a inoculação com a mesma amostra
apresentou um período de 92 a 99 dias e, em eqüinos, 179 a 190 dias
3.2. SINAIS CLÍNICOS NOS
HERBÍVOROS
A sintomatologia predominante é da forma
paralítica. O sinal inicial é o isolamento do animal, que se afasta do rebanho,
apresentando certa apatia e perda do apetite, podendo apresentar-se de cabeça
baixa e indiferente ao que se passa ao seu redor. Seguem-se outros sinais, como
aumento da sensibilidade e prurido na região da mordedura, alterações de
comportamento, mugido constante, tenesmo, hiperexcitabilidade, aumento da
libido, salivação abundante e viscosa e dificuldade para engolir (o que sugere
que o animal esteja engasgado).
Como os sinais em bovinos e equinos podem ser confundidos com outras doenças que apresentam encefalites, é importantíssimo que seja realizado o diagnóstico laboratorial diferencial.
Como os sinais em bovinos e equinos podem ser confundidos com outras doenças que apresentam encefalites, é importantíssimo que seja realizado o diagnóstico laboratorial diferencial.
3.3. SINAIS CLÍNICOS NOS
SERES HUMANOS
O primeiro estágio, o prodrômico, dura
aproximadamente 2-10 dias, caracterizado por dor de cabeça, febre, náusea, fadiga
e anorexia. No segundo estágio, ocorre a excitação sensorial ou a fase
conhecida como "período neurológico agudo", que persiste por 2 a 7
dias. Ocorrem comportamentos bizarros, como extrema agressividade, ansiedade,
insônia, aumento da libido, formigamento, priapismo, hipersalivação, aerofobia,
fotofobia, reação ao barulho, contração muscular, convulsões, hidrofobia,
tendência de morder e de mastigar. O terceiro estágio é caracterizado por coma
e paralisia, que pode durar de algumas horas a alguns dias, marcado pelo estado
de confusão mental, alucinações, paradas cardíacas e respiratórias e paralisia
do pescoço ou da região do ponto de inoculação. Entrando em coma, o paciente
pode falecer em poucos dias.
3.4. SINAIS CLÍNICOS NOS
CANÍDEOS
Na fase prodronica os animais apresentam
mudança de comportamento, escondem-se em locais escuros ou mostram uma agitação
inusitada. Após 1 a 3 das, ficam acentuados os sintomas de excitação. O cão se
torna agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem,
inclusive o seu proprietário, e morde-se a si mesmo, muitas vezes provocando
graves ferimentos. A salivação torna-se abundante, uma vez que o animal é
incapaz de deglutir sua saliva, em virtude da paralisia dos músculos da
deglutição. Há alteração de latido em virtude da paralisia parcial das cordas
vocais. Os cães infectados têm propensão de abandonar suas casas e percorrer
grandes distancias, podendo atacar outros animais no trajeto disseminando a
raiva. Na fase final pode ocorrer convulsão generalizada seguido de incoordenação
motora e paralisia do tronco e membros. A forma muda predomina-se pelos
sintomas do tipo paralitico, sendo a fase de excitação extremamente curta ou
imperceptível. A paralisia começa pela musculatura da cabeça e do pescoço. A
seguir vem a morte.
3.5. SINAIS CLÍNICOS NOS
FELINOS
Na maioria das vezes a doença é do
tipo furioso, com sintomatologia semelhante à dos canídeos, como os felinos são
seres mais sensíveis, o período de permanência dos sintomas pode ser mais
curto, podendo levar o animal ao óbito mais rápido.
3.6. SINAIS CLÍNICOS NOS
CHIROPTERA
Ocorre uma fase de excitabilidade
seguida de paralisia, principalmente das asas, o que faz com que estes animais
deixem de voar. Deve-se suspeitar, portanto, de morcegos (hematófagos ou não),
encontrados em local e hora não habitual.
Ressalta-se que durante a fase de
paralisia dos morcegos, não há paralisia do maxilar, o que permite que ele, uma
vez manipulado, possa morder e transmitir o vírus.
4. PROFILAXIA
Consiste principalmente na imunização dos
animais susceptíveis.
No caso dos herbívoros considera-se o
controle populacional do Desmodus
rotundus, como outras ações profiláticas da raiva.
No Brasil são vacinados cerca de 24 milhões de cães e gatos ao ano, sendo que os estados da região sul não realizam mais as Campanhas de Vacinação Contra a Raiva nesses animais. No estado de São Paulo a adesão da população às Campanhas de Vacinação contra Raiva tem mantido o município livre da raiva em humanos e em cães e gatos desde 1982 e 1984, respectivamente.
No Brasil são vacinados cerca de 24 milhões de cães e gatos ao ano, sendo que os estados da região sul não realizam mais as Campanhas de Vacinação Contra a Raiva nesses animais. No estado de São Paulo a adesão da população às Campanhas de Vacinação contra Raiva tem mantido o município livre da raiva em humanos e em cães e gatos desde 1982 e 1984, respectivamente.
As vacinas anti-rábicas evoluíram desde 1885,
quando Pasteur e colaboradores desenvolveram a primeira vacina contra a raiva.
As primeiras vacinas eram elaboradas em SNC de animais, depois em embrião de
aves e por fim em culturas de células. Na atualidade estão sendo pesquisadas e
obtidas vacinas por técnicas de engenharia genética.
A vacina contra a raiva humana é uma
suspensão de proteínas do vírus da raiva que estimula a produção de anticorpos
anti-rábicos no organismo, portanto a imunidade é ativa.
As vacinas podem ser produzidas
utilizando diversos substratos e diferentes cepas de vírus da raiva próprias
para a produção de vacinas. Sempre devem conter vírus inativado (morto).
E há também o soro anti-rábico, que passou a
ser utilizado na década de 50, e jamais deve ser utilizado sozinho. Ele
complementa a profilaxia da raiva humana em pós-exposição, pois já é um
concentrado de anticorpos anti-rábicos produzidos em outro organismo. Os
anticorpos anti-rábicos produzidos em outro organismo devem ser administrados, se
necessários, além da vacina contra a raiva (nunca em sua substituição), em
casos de grande risco de o vírus rábico atingir o SNC de maneira mais rápida,
pela localização e extensão de ferimentos.
5. IMPORTÂNCIA
SOCIOECONÔMICA
No Brasil, a Raiva pode ser considerada endêmica,
em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica, com notificação de
34.044 mil casos de Raiva em diferentes espécies animais, no período de
1995-2005.
Segundo alerta de 31 de março de 2006 a OMS
considera a raiva uma doença negligenciada, uma vez que “diversas zoonoses, como a raiva, continuam matando em silencio e são
muito mais perigosas do que a atual epizoótica de gripe aviaria. A raiva canina
provoca cerca de 55.000 mortes por ano no mundo, enquanto que em pouco mais de
dois anos o vírus da gripe aviaria H5N1 só causou uma centena de mortes
oficialmente registradas”
A raiva é considerada doença
transmissível de importância sócio-econômica e/ou de saúde pública, com
impacto no comércio internacional de animais e produtos de origem animal. A
disseminação do vírus da raiva causa grandes prejuízos econômicos tanto diretos
pela morte rápida dos animais, como indiretos pela espoliação sanguínea que
enfraquece e também pode levá-los a óbito por anemia, infecções ou parasitoses,
depreciação do couro e mesmo pelos custos na profilaxia da raiva humana.
BIBLIOGRAFIA
http://www.saude.sp.gov.br/resources/instituto-pasteur/pdf/manuais/manual_08.pdf
http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/programa%20nacional%20dos%20herbivoros/revis%C3%A3o%20sobre%20raiva.pdf
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/controle_de_zoonoses/raiva_animal/index.php?p=5435
SUMÁRIO
1. Etiologia
1.1. Agente Infeccioso
1.2. Características
2. Transmissão
2.1. Reservatório
2.2. Mecanismos de transmissão
2.3. Ciclo de Transmissão
3. Sintomas
3.1. Período de Incubação
3.2. Sinais clínicos nos
herbívoros
3.3.
Sinais clínicos nos seres humanos
3.4. Sinais clínicos nos
canídeos
3.5. Sinais clínicos nos
felinos
3.6. Sinais clínicos nos
chiroptera
4. Profilaxia
5. Importância Socioeconômica
Bibliografia