Parasitas de Bovinos
Disciplina: Parasitologia
Tec. Veterinária - 31VT - Noite - Prof.: Raphael Roseti
SUMÁRIO
Endoparasitas
Botulismo
Brucelose
Carbúnculo Sintomático
Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina (CIB)
Coccidiose
Diarréia Viral Bovina (BVD)
Encefalite por Herpesvírus Bovino - Tipo 5
Enterotoxemia
Febre Aftosa
Febre Catarral Maligna
Hemoglobinúria Bacilar (HB)
Língua Azul (LA)
Listeriose
Neosporose
Papilomatose
Raiva
Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR)
Tétano
Tricomonose Bovina
Tristeza Parasitaria Bovina
Verminose
Ectoparasitas
Miíase
Mosca-dos-chifres
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ENDOPARASITAS
Botulismo
Botulismo é uma forma de intoxicação alimentar resultante da ingestão e absorção pela mucosa digestiva de potentes toxinas pré-formadas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum, presente no solo, no trato gastrintestinal dos animais e em alimentos contaminados e mal conservados.
Uma das doenças mais comuns no Brasil, e que causa prejuízos sérios para o produtor rural pela grande quantidade de animais acometidos e alta mortalidade que provoca. É caracterizada por uma paralisia motora progressiva dos músculos. As toxinas que causam o botulismo nos bovinos são as do tipo C e D.
Na pecuária, a ocorrência do botulismo está associada à ingestão de toxinas em resto de cadáveres em decomposição no pasto, águas rasas e paradas com resto de cadáveres ou não, grãos mal armazenados e em putrefação, feno úmido e em putrefação e rações armazenadas inadequadamente.
O botulismo é importante em regiões de solos pobres em fósforo, como o cerrado e campos nativos, sendo bastante disseminada no Brasil, principalmente devido à baixa suplementação mineral de boa parte do rebanho nacional, ou suplementação inadequada. Os animais acabam por adquirir o hábito de roer ossos e ingerir resto de cadáveres que podem estar contaminados com a toxina.
Geralmente ocorre na forma de surtos, daí os grandes prejuízos para o produtor. Mesmo depois de suprida a carência mineral, os animais mantêm o vício de roer ossos, podendo, com esse hábito, se contaminar.
O botulismo é conhecido também como “Mal das Palhadas” e “Mal da Vaca Caída”. O homem pode ser acometido pela doença ao ingerir alimentos em conserva, os enlatados ou embalados a vácuo, contaminados.
A duração da doença varia dependendo da quantidade de toxina ingerida, sendo que, nos casos mais severos, a morte ocorre em algumas horas após o início dos sintomas.
Na fase inicial, os animais apresentam graus variados de embaraço, incoordenação, perda de apetite e dificuldade de se movimentar. Tem início, então, um quadro de paralisia muscular flácida progressiva, que começa pelos membros posteriores e faz com que os animais prefiram ficar deitados (em decúbito esternal) e, quando forçados a andar, o fazem de maneira lenta e com dificuldade (andar cambaleante e lento). A respiração abdominal se torna acentuada e o vazio do flanco torna-se fundo. Não há febre. Os animais podem sucumbir repentinamente se estressados.
Com o avanço da doença, a paralisia muscular se acentua, impedindo que o animal se levante, embora ainda seja capaz de se manter em decúbito esternal, progredindo para os membros anteriores, pescoço e cabeça, que faz com que a cabeça fique junto ao solo ou voltada para o flanco e pesada. A paralisia muscular afeta a mastigação e a deglutição, levando ao acúmulo de alimentos na boca e sialorréia (baba). O animal apresenta diminuição dos movimentos ruminais.
Na fase final o quadro de prostração se acentua, fazendo com que o animal tenha dificuldade para se manter em decúbito esternal, tombando para os lados (em decúbito lateral). A consciência é mantida até o final do quadro, quando o animal entra em coma e morre por insuficiência respiratória.
Não existe tratamento. Para os animais com intoxicação crônica recomenda-se o tratamento sintomático, que visa dar condições, quando possível, para que o animal resista ao quadro clínico apresentado.
A vacina deve ser aplicada em todo o rebanho, em duas etapas, com um mês de intervalo entre as mesmas. Recomenda-se que a primeira dose da vacina seja feita um mês antes das águas e da entrada do animal no confinamento.
Mineralização do rebanho, pois a deficiência mineral é o principal responsável pelo hábito dos animais roerem ossos. A mistura mineral deve estar formulada para atender às necessidades da categoria animal para a qual será destinada, de acordo com as condições de solo e pastagens da propriedade. É importante também um correto esquema de distribuição, com cochos em quantidade suficiente (1 metro de cocho para 50 animais, no mínimo), de preferência cobertos ou em local de fácil acesso para os animais (próximos aos bebedouros, em áreas de descanso ou de maior pastejo).
Eliminação das fontes de intoxicação, dando aos cadáveres um destino adequado: cremá-los e o que sobrar enterrar em local onde os bovinos não tenham acesso (longe de córregos e rios). Fazer um correto armazenamento do feno, da silagem e da ração, a fim de evitar material em decomposição. Evitar o consumo de águas rasas e paradas aos animais. Fazer inspeção e limpeza de bebedouros constantemente.
Produto Vinculado: Botulina, Poli-Star.
Brucelose
A brucelose bovina é uma doença infecciosa de caráter crônico, causada pela Brucella abortus. É uma zoonose (doença que é transmitida dos animais para o homem) de distribuição mundial que afeta o sistema reprodutivo dos animais (bovinos, ovinos, caprinos, suínos, equinos e cães).
Os principais meios de transmissão da doença são os alimentos contaminados com Brucella sp (pastos, rações, água) por líquidos e tecidos fetais de abortos. A transmissão, também, pode ocorrer pelo sêmen não tratado adequadamente de animal infectado.
A brucelose no homem é de caráter principalmente profissional, estando mais sujeitos a infectar-se as pessoas que trabalham diretamente com os animais infectados (tratadores, proprietários, veterinários) ou aqueles que trabalham com produtos de origem animal (funcionários de matadouros, laboratoristas).
No Brasil, a situação de brucelose não é diferente da maioria dos países. É uma doença endêmica que ocasiona perdas econômicas consideráveis ao produtor e à pecuária nacional. Estudos epidemiológicos e econômicos da doença são escassos, porém, há estimativas de que a doença em bovinos cause queda de 20 a 25% na produção de leite, 15% na produção de carne e 15% de perdas de bezerros por ano, decorrente dos abortamentos, sem contar as perdas genéticas e a desvalorização do rebanho.
Deve-se suspeitar de brucelose em uma propriedade quando há ocorrência de aborto em vacas prenhes a partir do 6º mês de gestação. Outros sintomas ocorrem, como: nascimentos de bezerros fracos ou mortos, retenção de placenta, repetição de cio, metrite, aumento do intervalo entre partos, mastite atípica, infertilidade, queda na produção de leite, aumento de volume nas articulações e inflamação no ligamento da nuca.
Nos touros, a brucelose causa aumento no tamanho de um ou dois testículos com inflamação, causando infertilidade e diminuição do apetite sexual.
A legislação brasileira proíbe o tratamento de animais positivos para brucelose.
Para a prevenção da Brucelose bovina deve-se obedecer ao programa de vacinação de caráter obrigatório, com uma vacina elaborada com amostra viva atenuada B19 de Brucella abortus, e realizar testes sorológicos que levam ao diagnóstico da doença.
De acordo com o estabelecido pelo Ministério da Agricultura e para cumprimento do PNCEBT, o programa de vacinação, deverá ser feito semestralmente, com duas campanhas anuais, cobrindo assim a maior parte dos nascimentos ocorridos durante o ano, vacinando as fêmeas entre 3 e 8 meses de idade. No Brasil, vacinam-se apenas bovinos.
Outras medidas de controle devem ser implantadas em uma propriedade, como: adquirir animais livres da infecção (teste negativo de brucelose). O ideal é adquirir animais apenas de rebanhos livres da doença; evitar o contato com animais de outras propriedades; descartar filhas de mães infectadas.
Produto vinculado: Brucelina B-19
Carbúnculo Sintomático
Carbúnculo sintomático é uma doença infecciosa endógena, conhecida também como "Manqueira", "Mal de Ano", "Peste de Ano", "Peste de Manqueira", "Quarto Inchado", que acomete principalmente animais jovens (de 6 meses a 2 anos de idade), geralmente bovinos e ovinos, mas também caprinos.
Pode acometer bovinos de até 3 anos de idade, não vacinados ou vacinados há muito tempo, transferidos de áreas onde a doença não ocorre para áreas contaminadas. Pode ocorrer, também, ocasionalmente em bezerros de 2-6 meses de idade. Tem como agente o Clostridium chauvoei presente no meio ambiente. Ele coloniza o intestino dos animais e espalha-se para o corpo através da circulação sanguínea, alojando-se na musculatura. A doença se desenvolve devido à ativação de esporos latentes na musculatura, associada a fatores como traumatismos musculares em geral.
São altas as taxas de acometimento de bovinos em todo o Brasil e com elevada mortalidade, sendo comum a sua ocorrência após as chuvas.
Doença que aparece rapidamente e mata, também sem demora, bovinos de até 2 anos de idade é sugestiva de carbúnculo sintomático, assim como a claudicação (manqueira) e a tumefação (inchaço) crepitante à palpação de grupos musculares, depressão, apatia e febre. O quadro clínico geralmente evolui para a morte do animal que pode acontecer em 1-2 dias.
Os bovinos afetados podem ser tratados com altas doses de penicilina, mas como a doença tem um curso agudo, a maioria morre apesar do tratamento.
Vacinar todos os bezerros de 4-6 meses de idade anualmente. Quando se vacina animais antes de 6 meses de idade, uma segunda dose deve ser realizada 30 dias após a primeira.
Todos os animais que morreram acometidos por essa enfermidade devem ser retirados dos pastos, cremados com óleo diesel e madeira e os restos mortais enterrados profundamente para evitar a contaminação dos pastos e disseminação da doença.
Produtos Vinculados: Monovacina, Poli-R, Poli-Star, Polivacina.
Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina (CIB)
A Ceratoconjuntivite Infecciosa Bovina, também conhecida por "olho branco", é a doença ocular mais importante dos bovinos. É causada por uma bactéria denominada Moraxella bovis.
Pode apresentar curso agudo, subagudo ou crônico, afetando apenas um ou ambos os olhos, caracterizada por conjuntivite, lacrimejamento e ceratite.
Seus primeiros sinais são lacrimejamento intenso, com corrimento de líquido pela goteira lacrimal e fotofobia (aversão à luz), seguidos de opacidade no centro da córnea (mancha esbranquiçada) um a dois dias após, que pode evoluir até ulceração, ocasionando cegueira temporária ou permanente e ruptura da córnea.
A CIB não é uma doença fatal, mas seu impacto econômico é enorme, decorrente da perda da visão, a qual é responsável pela perda de peso, redução na produção de leite, dificuldades de manejo e custo de tratamentos.
O tratamento consiste na administração de antimicrobianos via parenteral ou em forma tópica no saco conjuntival. Para isso é necessário fazer um antibiograma para saber qual produto é mais efetivo. Esse tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível após o aparecimento dos sintomas, como forma de impedir as lesões irreparáveis da córnea. No início da lesão é recomendável a aplicação de corticosteroides juntamente com antibióticos de aplicação tópica no saco conjuntival diariamente, até a cura do animal.
O controle da doença deve ser realizado através de vacinas que contenham antígenos de fímbria e/ou impedimento da ação dos vetores (moscas). A vacina deve ser aplicada antes do aparecimento dos casos clínicos, em todos os animais do rebanho a partir dos 4 meses de idade. Nos animais primovacinados deve-se repetir uma segunda dose 21 dias após a primeira.
Coccidiose (ou Eimeriose)
A Coccidiose é uma doença parasitária causada por protozoários do gênero Eimeria sp., bastante frequente em ruminantes. É responsável por alterações gastrintestinais e morte, principalmente de animais jovens.
Observada com frequência no campo sendo, também, conhecida como “curso de sangue” ou diarreia vermelha. A Coccidiose em nosso meio apresenta-se de forma endêmica tanto nas explorações para produção de leite quanto nas de corte, sendo que o sistema de produção é um fator que influi diretamente sobre as características da doença, esperando-se uma maior frequência nos sistemas intensivos, principalmente de produção de leite.
Em bovinos, as duas principais espécies de Eimeria causadoras de diarreia são a Eimeria bovis e Eimeria zuernii, sendo essa última a mais frequente entre os bezerros.
A mortalidade causada pela Coccidiose é alta.
A forma mais severa da Coccidiose é caracterizada por diarreia profusa, desidratação, perda de apetite, apatia e alta mortalidade. Em bezerros a doença se caracteriza por diarreia sanguinolenta, desidratação, perda de apetite, apatia e perda de peso. Nas infecções por E. zuernii podem ser observados sintomas nervosos.
A eficiência do tratamento depende do diagnóstico e de seu início rápido, antes que atinja um grande número de animais da propriedade.
Os tratamentos mais empregados e com melhores resultados são: sulfas, amprólio, decoquinato, antibióticos ionofóricos (monensina, salinomicina, lasalocida) e toltrazuril.
A desidratação e a falta de minerais causadas pela perda de líquidos corporais são as principais razões que causam a morte dos bezerros. Por isso, a hidratação e a reposição dos eletrólitos são sempre os principais meios de tratamento. A hidratação oral pode ser utilizada em animais com uma pequena desidratação; nos casos mais severos, é necessária a hidratação intravenosa.
A prevenção da Coccidiose é feita por meio da adoção de medidas sanitárias e de manejo, e pelo uso preventivo de anticoccídios.
As medidas sanitárias visam impedir ou diminuir a ingestão de oocistos esporulados pelos ruminantes. Os animais devem ficar em instalações limpas e secas, separados de acordo com a idade e, sempre que possível, evitar grandes concentrações em pequenas áreas por longos períodos.
Produto Vinculado: Antidiarréico.
Diarréia Viral Bovina (BVD)
A diarreia viral bovina (BVD - Bovine Viral Diarrhea) é uma enfermidade dos bovinos, e também de outros ruminantes, que causa grandes perdas econômicas nos rebanhos de corte e, principalmente, de leite de todas as idades. Ela age deprimindo o sistema imunológico do animal afetado, dando condições para que outras doenças se instalem e se disseminem no rebanho.
Por apresentar distribuição geográfica mundial, cerca de 50 a 90% da população bovina adulta apresenta anticorpos no soro sanguíneo contra o vírus da BVD. Por isto, teoricamente, acredita-se que todos os rebanhos bovinos estejam infectados e a prevalência de anticorpos em animais adultos está em torno de 60%.
O vírus da BVD frequentemente infecta as membranas mucosas do nariz e boca.
Muitos animais portadores do vírus da BVD não apresentam sinais da infecção, embora eliminem, intermitentemente, o vírus. Esses ruminantes podem continuar a eliminar os vírus por períodos prolongados e, acredita-se que sejam os principais responsáveis pela disseminação e persistência do vírus em um rebanho.
Aborto e defeitos ao nascimento são os mais importantes problemas econômicos que ocorrem em tais animais.
Por estarem aparentemente sadios, esses animais podem ser identificados somente quando ocorrer um surto da doença ou através da realização de um diagnóstico laboratorial com amostras de sangue. A súbita ocorrência anormal da doença frequentemente está associada com o estresse, que pode ser o fator desencadeante de uma epidemia.
A via de eliminação é ampla, envolvendo descarga nasal, saliva, sêmen, fezes, urina, lágrima e leite.
A transmissão pode ocorrer tanto por contato direto entre animais como pelo contato indireto por meio de água, alimentos, agulhas contaminadas etc.
O vírus pode atingir o feto atravessando a placenta, através da circulação sanguínea materna, e causar aborto.
Infecções pós-natal de animais imunocompetentes são atualmente denominadas de BVD aguda, em que se pode ou não observar os sinais clássicos descritos. Usualmente estas infecções são pouco manifestadas, mas causam prejuízos à fertilidade dos animais. Recentemente têm sido relatados casos de BVD aguda com severas manifestações clínicas. Entre bezerros algumas das amostras virais isoladas causam um quadro denominado de síndrome hemorrágica.
Doença das Mucosas: Esta infecção fetal com imunotolerância pode ter vários cursos, inclusive o nascimento de animais persistentemente infectados (PI) que, eventualmente, podem chegar até a fase adulta sem manifestações clínicas, com incapacidade de produzir anticorpos contra o BVDV, eliminando grandes quantidades de vírus.
Animais PI têm seu desenvolvimento retardado e normalmente morrem mais cedo em função de infecções secundárias. Todavia, tais animais podem eventualmente sobreviver até a idade reprodutiva e gerar animais também persistentemente infectados.
Não existe tratamento efetivo para essa doença.
O fator de maior preponderância para o controle da enfermidade constitui-se na identificação e eliminação dos animais persistentemente infectados, pelo fato dos mesmos serem os mais efetivos disseminadores da doença em um plantel.
Vacinas inativadas ou de vírus vivo modificado têm sido amplamente utilizadas para a imunoprofilaxia da BVD. Face à importância da infecção fetal nos prejuízos causados pelo BVD, a obtenção da imunidade fetal constitui um dos objetivos de grande importância das vacinas.
As vacinas atenuadas são consideradas seguras inclusive para o uso em vacas prenhes, entretanto a imunidade fetal é de curta duração, especialmente para amostras heterólogas do vírus. Induzem proteção mais ampla e mais duradoura, mas podem causar danos ao feto, incluindo a formação de animais PI.
Caso um biotipo citopatogênico seja empregado na produção de vacina, o mesmo pode induzir a doença das mucosas, se aplicado em animais PI.
A vacinação anual é recomendada tanto para vacinas inativadas como para as atenuadas.
Produto Vinculado: Poliguard, Fertiguard Selenium Max.
Encefalite por Herpesvírus Bovino - Tipo 5
O Herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5) é o agente causador da encefalite por herpesvírus em bovinos. A enfermidade pode ser confundida com polioencefalomalácia, intoxicação pelo chumbo e outros agentes que conduzam a sinais clínicos do sistema nervoso central.
O BHV-5 acomete bovinos de 6 meses à 5 anos. Os sinais clínicos são exclusivamente nervosos, com morbidade variando de 0,05% a 5% e letalidade próxima a 100%.
Os sinais clínicos são: depressão, afastamento do rebanho, ataxia, andar em círculos, cegueira aparente, salivação excessiva, convulsões ocasionais, ranger de dentes, corrimento nasal, paralisia da língua, agressividade, decúbito esternal, decúbito lateral, coma e morte entre um e seis dias.
Os sinais clínicos são comuns a diversas patologias, como raiva, listeriose, polioencefalomalácia, intoxicação por NaCl e etc. O diagnóstico pelos achados clínicos e anatomopatológicos são inconclusivos. Considerando que as encefalites são clinicamente confundíveis, há necessidade de dispor de técnicas laboratoriais específicas para o diagnóstico diferencial.
Não existe método comprovadamente eficaz para prevenir ou tratar a encefalite causada pelo BHV-5. O isolamento dos animais doentes tem eficiência limitada, uma vez que, devido à infecção latente, todos os animais soropositivos devem ser considerados potenciais fontes de infecção.
Enterotoxemia
É uma doença de bovinos, ovinos e caprinos, de alta mortalidade, causada pelas toxinas da bactéria Clostridium perfringens tipo D, também conhecida como Doença de Rim Polposo. Afeta principalmente animais de 3-10 dias de idade, e merece destaque pela capacidade de provocar morte.
Em bovinos, a Enterotoxemia pode ser causada pelos Clostridium perfringens tipos A, B, C, e D e afeta ocasionalmente bezerros jovens, de 5-20 dias de idade.
A doença acontece quando há proliferação dessa bactéria no intestino com formação de toxinas, devido às condições especiais de alimentação como: alta ingestão de leite ou pastagens verdes de alta qualidade e, em animais confinados, pela ingestão de grandes quantidades de concentrados.
É uma doença que mata muito rápido, em torno de 2-8 horas, por isso dificilmente observam-se sinais clínicos. Quando esses sinais são observados eles são relacionados ao sistema nervoso caracterizados por marcada depressão, opistótono (pescoço duro e voltado para trás), movimentos de pedalagem, coma e morte.
Não há tempo para realizar o tratamento.
Vacinar todo o gado com vacinas polivalentes. Nos animais jovens a primeira dose deve ser aos 2 meses de idade e a segunda dose 30 dias após a primeira, com revacinação anual.
Em casos de surtos, diminuir a quantidade de alimentos fornecidos, colocando os animais em áreas com menor disponibilidade de forragens por um período de 30 dias após a aplicação da vacina.
Produtos Vinculados: Poli-R, Poli-Star.
Febre Aftosa
É uma doença infectocontagiosa de notificação obrigatória. No Brasil é causada pelos vírus “A”, “O” e “C”, os quais se espalham facilmente e rapidamente, ultrapassando barreiras geográficas. Acomete todos os animais domésticos biungulados (duas unhas): bovinos, ovinos, caprinos e bubalinos, além dos animais selvagens, como: veados, capivaras, porcos do mato, etc.
É transmitida através de: contato direto de animais sãos com os animais doentes; utensílios contaminados (mãos, roupas, calçados, baldes, cordas, cabrestos, etc.); veículos que transportam animais; água contaminada; cochos e pastos que foram utilizados por animais doentes. A saliva de animais doentes não é a única fonte de vírus para o ambiente, mas com certeza é a mais potente.
Suas consequências são desastrosas para todos, pois ocorre diminuição da produção e produtividade na ordem de 25%, abate de todos os animais na área de foco (doentes e sadios), fechamento das exportações de animais e de todos os produtos e subprodutos de origem animal.
As vacinas produzidas no Brasil passam por um controle rígido do governo e dos laboratórios. Em busca da qualidade das vacinas, os laboratórios fizeram com que os pecuaristas tivessem à disposição as vacinas mais cuidadosamente produzidas no mundo. O importante é aplicá-las e aplicá-las corretamente.
O animal doente apresenta-se abatido, com febre, pelos arrepiados e feridas (aftas) na língua, gengivas, úbere e entre as unhas, baba muito e tem dificuldade para se alimentar.
Não existe tratamento para a febre aftosa. Onde ela ocorre, os animais da propriedade afetada e no seu entorno deverão ser sacrificados, tanto os doentes como os sadios.
O combate à aftosa é uma questão de consciência. A erradicação na sua propriedade e no país vai acontecer quando duas medidas básicas se tornarem automáticas: vacinação e vigilância sanitária.
Esquema de vacinação:
• 1ª DOSE: realizar a primeira dose até os 4 meses de idade.
• 2ª DOSE: reforço 90 dias após a 1ª dose.
• Revacinar todos os animais a cada 6 meses.
Outros esquemas de vacinação poderão ser adotados a critério das autoridades sanitárias e sob a responsabilidade delas. A Vigilância Sanitária é uma função do governo, mas na realidade a responsabilidade é rigorosamente de todos.
Quando o assunto é febre aftosa não adianta apenas saber da época da campanha de vacinação. É preciso participar, estimular os vizinhos, cooperar com o governo vacinando todo o rebanho e colocando em prática as normas sanitárias.
Respeite os controles de fronteiras, não entre no “conto da nota fria”, não jogue vacina fora e não deixe de vacinar. O país agradece e você leva o lucro.
Produto vinculado: Bovicel.
Febre Catarral Malígna
A febre catarral maligna (FCM) é uma doença infecciosa viral que afeta principalmente bovinos e veados, apresentando alta mortalidade. O agente etiológico pertence à família Herpesviridae, subfamília Gammaherpesvirinae.
Uma característica epidemiológica importante da doença é que ela ocorre quando há ovinos, gnus e provavelmente outros ruminantes selvagens em contato com bovinos. O diagnóstico é feito pelos dados epidemiológicos, sinais clínicos e lesões observadas na necropsia.
Na maioria das vezes a FCM ocorre de forma esporádica com poucos animais afetados, mas podem ocorrer em surtos afetando até 50% do rebanho.
O período de incubação em bovinos varia de 3 a 10 semanas. Os sinais clínicos incluem: febre; corrimento nasal e ocular mucopurulento; opacidade bilateral de córnea; sialorréia; diarreia; erosões e ulcerações em várias mucosas; linfadenopatia; dermatite e distúrbios neurológicos como incoordenação, agressividade, tremores musculares, decúbito esternal evoluindo para lateral permanente, opistótono, movimentos de pedalagem, apatia e depressão.
Não se conhece medida eficiente de tratamento. Em casos de surtos, devem ser isolados os animais doentes.
Hemoglobinúria Bacilar (HB)
Doença infecciosa de bovinos e, muito raramente, de ovinos. Acomete geralmente animais adultos e é causada pela bactéria Clostridium haemolyticum, antigamente conhecida como Clostridium novyi tipo D. Ela só ocorre quando essa bactéria está alojada no fígado e este sofre lesão, dando condições de falta de oxigenação, fazendo com que haja multiplicação com produção de toxinas, as quais caem na corrente sanguínea desencadeando a doença.
Geralmente acomete animais que vivem em áreas alagadiças ou muito úmidas, onde existe a presença de um parasito chamado Fasciola hepatica que, na sua forma larvária, migra pelo fígado, causando lesões nesse órgão.
Nas áreas onde não existe a F. hepatica, a doença pode ocorrer de forma isolada, em consequência de lesão no fígado causada por outros parasitos, plantas tóxicas ou outras causas de lesão desse órgão.
Animais que adoecem de forma rápida e morrem em 12-24 horas ou são encontrados mortos, provenientes de áreas alagadiças com presença de Fasciola hepatica podem estar acometidos pela HB.
Quando se consegue ver um animal doente, observa-se perda de apetite, depressão, dificuldade de locomoção, tremores musculares, urina e fezes de cor escura.
Embora seja uma doença que mata rápido, o uso de penicilinas em altas doses no início de sua ocorrência pode recuperar o animal acometido.
A prevenção é feita através de vacinação de todo o rebanho que vive em regiões onde existe a Fascíola hepática, ou seja, áreas endêmicas, concentrando essa vacinação nos meses antes da previsão da ocorrência dos surtos. Nos animais que vão receber a vacina pela primeira vez, deve ser realizada uma segunda dose 30 dias após a primeira, com revacinação anual em todos os animais acima de 4 meses de idade.
É preciso realizar a vacinação correta de todos os animais que vivem nessas áreas alagadiças.
Língua Azul
A Língua Azul (LA) é uma doença viral, não contagiosa, que afeta ruminantes domésticos e selvagens e tem como vetores os dípteros do gênero Culicoides. Esta enfermidade foi descrita pela primeira vez na África do Sul, em 1876, e apenas em 1902 foi detalhada por Hutchen, recebendo o nome de “Epizootia catarral das ovelhas”. Neste mesmo ano, acabou recebendo o atual nome, devido à coloração roxa escura ou azulada, observada na língua e na mucosa oral dos animais infectados. No ano de 1906, foi demonstrado que esta doença é causada por um vírus.
A incidência desta enfermidade é muito variável. A taxa de mortalidade e o grau de severidade dos sinais clínicos dependem da espécie em questão, da raça e da idade do animal, do seu estado imunológico e do sorotipo infectante. Nos bovinos a morbidade é extremamente baixa, mas há perdas indiretas, assim como há para ovinos também relacionados à queda no desempenho reprodutivo, abortos, diminuição da condição corporal e diminuição da produção leiteira.
Quando a espécie bovina apresenta sinais clínicos, estes são: febre; inapetência; salivação; edema dos lábios; edema nas patas; manqueira; corrimento nasal com lesões ulcerativas da língua e cavidade oral; hiperemia ou cianose nos lábios, língua ou focinho; excessiva salivação; lacrimejamento; hálito fétido. Nos touros, a infecção aguda esta relacionada com infertilidade passageira.
O diagnóstico clínico, com exceção da forma clássica e grave, pode ser muito complicado em consequência da dificuldade do reconhecimento desta doença a campo. O tratamento é feito com irrigações locais com desinfetantes suaves, apenas para proporcionar alívio.
As medidas preventivas baseiam-se na ação sobre o vetor, na vacinação e nas barreiras criadas para evitar a movimentação de animais, de sêmen, óvulos e embriões contaminados. A redução da exposição ao vetor pode ser feita através de pulverizações de repelentes e inseticidas nos animais, embora não seja muito eficaz.
A vacinação é o procedimento considerado de controle satisfatório. Não elimina a infecção, mas mantêm níveis muito baixo de perdas, desde que a imunidade de todas as cepas locais seja atingida. Estas são feitas com cepas de vírus polivalentes atenuados e causam leves reações. No entanto, as ovelhas não devem ser vacinadas quando prenhes, pois pode levar a deformações dos cordeiros ou morte embrionária.
Listeriose
Listeriose é uma doença causada pela bactéria Listeria monocytogenes, e que pode ser veiculada pelos alimentos. Acomete diversas espécies animais, inclusive o homem, porém ruminantes parecem ser mais suscetíveis. Os principais reservatórios da L. monocytogenes são o solo e a água, que podem contaminar os alimentos, porém esta bactéria também pode ser encontrada nas plantas, na silagem e em outros alimentos, paredes e pisos de instalações e fezes.
Dois quadros distintos são típicos da infecção pela bactéria Listeria monocytogenes: um com características neurológicas (meningoencefalite) e outro em que ocorre aborto, metrite, presença de abscessos no fígado, baço e em outras vísceras.
A doença na forma nervosa é observada esporadicamente em bovinos, ovinos e bubalinos a campo e, em alguns casos, quando animais estão recebendo silagem.
A forma nervosa em ruminantes caracteriza-se por andar em círculo, incoordenação e quedas frequentes; desvio lateral da cabeça e do corpo; orelhas, lábios e pálpebras superiores caídas; salivação; dificuldade de apreensão, mastigação e deglutição dos alimentos; depressão e morte.
O diagnóstico é feito pelos sinais e sintomas clínicos, dados epidemiológicos e exames laboratoriais com isolamento da bactéria.
Podem ser usados de maneira eficaz os antibióticos de amplo espectro, como as tetraciclinas e penicilinas. A administração de água e soro é necessária em animais que apresentam dificuldade para comer e beber. Os animais em tratamento devem ser mantidos isolados em lugares frescos e devem ser evitados os manejos.
Não administrar dietas compostas exclusivamente de silagem aos animais. Para os animais de campo que serão alimentados com silagem durante a seca, deve ser realizada uma adaptação através do aumento gradual da quantidade fornecida.
Evitar a administração de silagens de baixa qualidade, separando as partes pouco fermentadas ou que entraram em contato com o ar e apresentam-se deterioradas.
Produtos vinculados: Antidiarréico, Rumefort.
Neosporose
A Neosporose é causada por um parasito chamado Neospora caninum, que tem como hospedeiro o cão, figura comum nas fazendas. As fezes de cães infectados podem contaminar água e alimentos dos bovinos.
Nas vacas contaminadas, o protozoário pode induzir abortos a partir do segundo mês de gestação, afetando o desfrute do rebanho. Existe a suposição de que as vacas também podem se infectar por meio de ingestão da placenta ou líquidos do aborto contaminados.
As vacas infectadas, geralmente são portadoras assintomáticas. Os abortos se concentram a partir do terceiro mês de gestação até o momento próximo ao parto; também podem ocorrer mumificações, mortes no útero seguidas de absorções e natimortos. Os bezerros que nascem vivos podem ter sinais clínicos de paralisia, baixo crescimento e baixo ganho de peso. Também podem estar infectados no útero, mas sem sinais clínicos, fato que contribui para persistência e disseminação crônica da doença no rebanho.
A variação das manifestações clínicas depende da idade do feto, do estágio de desenvolvimento do sistema imune, tempo de exposição ao parasito e distribuição das lesões no SNC. Os sintomas nervosos são decorrentes da destruição de grande número de células dos nervos craniais e espinhais, o que afeta a condutividade. Miosites e deformidades dos membros são devido à degeneração muscular. A morte do feto provavelmente ocorre devido à miocardite.
O parasito pode ser encontrado em vários tecidos, principalmente no cérebro das espécies infectadas, como bovinos, cães, ovinos, equinos e caprinos.
A Neosporose pode ser diagnosticada a partir de casos de aborto. Um teste sorológico positivo indica exposição, mas não necessariamente infecção. O diagnóstico diferencial para aborto deve incluir Diarreia Bovina a Vírus (BVD), Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Leptospirose e Brucelose.
Para confirmar se o aborto foi causado por N. caninum, o parasito deve ser encontrado nos tecidos fetais. O isolamento e cultura do agente também confirmam a presença de Neospora caninum.
No caso de transferência de embrião, usar somente receptoras soronegativas; redução da exposição de cães a tecidos infectados como placenta, fetos abortados; remoção de fetos, crias mortas e placentas dos hospedeiros definitivos das pastagens; reduzir o número de cães em contato com o rebanho; cobrir os alimentos; enviar ao laboratório fetos abortados e placenta para diagnosticar a causa do aborto e fazer a sorologia do rebanho.
Não existe tratamento para Neosporose bovina até o momento.
Papilomatose
A Papilomatose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um vírus e caracterizada pela presença de lesões tumorais que ocorrem na pele, mucosas e em alguns órgãos. Acomete muitas espécies de mamíferos e aves.
É conhecida também como "Verruga", "Figueira", "Verrucose", "Fibropapilomatose" e "Epitelioma Contagioso". Pode ser transmitida por contato direto de animal para animal através de abrasões da pele, vetores mecânicos (moscas, carrapatos) e fômites contaminados (arame de cercas, cordas, laços, arreio, peias, tatuador, alicate brincador e agulhas).
Inicia-se pelo aparecimento de pequenos nódulos com aspecto de couve-flor, principalmente nas regiões da cabeça, abdômen, pescoço e úbere, podendo estar em todo o corpo.
À medida que vão crescendo apresentam tamanhos variados com coloração cinza ou negra que se prendem à pele por uma base estreita ou pedúnculo.
Uma variedade de produtos químicos (locais ou sistêmicos) é utilizada, porém, todos com eficácia duvidosa. Quando o número de verrugas é pequeno, o tratamento através da retirada cirúrgica é o ideal.
O uso de autovacina (formulada com os papilomas do próprio animal) é eficaz em alguns casos, e nessa doença, a vacina é usada como tratamento e não prevenção.
Embora seja difícil detectar o momento da infecção, assim que o fizer, os animais afetados devem ser separados dos animais suscetíveis. Os equipamentos de uso comum devem ser esterilizados e desinfetados após utilização em animais doentes.
Raiva
A raiva é uma doença que não tem cura: mata. Acomete todos os mamíferos domésticos e silvestres, inclusive o homem.
A raiva dos herbívoros é responsável por enormes prejuízos econômicos diretos. Na América Latina, o prejuízo é da ordem de 30 milhões de dólares/ano, sendo que no Brasil este valor se aproxima de 15 milhões de dólares, com a morte de cerca de 40.000 cabeças bovinas. Os prejuízos indiretos, no Brasil, estão calculados em 22,5 milhões de dólares.
O principal transmissor da raiva para os herbívoros é o morcego hematófago Desmodus rotundus (vampiro). Todo morcego hematófago se alimenta de sangue, mas somente o morcego infectado com o vírus da raiva é que transmite a doença através de sua eliminação pela saliva quando se alimenta. O vírus invade as células do sistema nervoso através da inervação periférica, caminha até o sistema nervoso central (cérebro) e daí para os órgãos do animal infectado.
Passando o período de incubação, que varia de 30 a 150 dias, em média, podem surgir diferentes sinais de raiva, sendo a paralítica a mais comum. Pode ocorrer também a forma furiosa, quando o animal acometido ataca outros animais ou procura investir contra seres humanos.
Quando se trata de raiva transmitida por morcegos, não foram observadas diferenças acentuadas entre as manifestações clínicas nos bovinos, equinos, asininos, muares e outros animais domésticos de importância econômica como caprinos, ovinos e suínos. O sinal inicial é o isolamento do animal, pois este se afasta do rebanho, apresentando certa apatia e perda do apetite. Pode apresentar-se de cabeça baixa e indiferente ao que se passa ao seu redor. Seguem-se outros sinais como aumento da sensibilidade e prurido (coceira) na região da mordedura, mugido constante, tenesmo (dificuldade para defecar e urinar), excitabilidade, aumento da libido, salivação abundante e viscosa e dificuldade para engolir (o que sugere que o animal esteja engasgado).
Com a evolução da doença, os animais apresentam movimentos desordenados da cabeça, tremores musculares e ranger de dentes, midríase com ausência de reflexo pupilar, incoordenação motora, andar cambaleante e contrações musculares involuntárias.
Após entrar em decúbito, o animal não consegue mais se levantar e ocorre o aparecimento de movimentos de pedalar dos membros anteriores e posteriores, dificuldades respiratórias, opistótono (cabeça voltada para trás), asfixia e morte. Esta última ocorre, geralmente, entre 2 a 6 dias após o início dos sinais, podendo prolongar-se em alguns casos, por até 10 dias.
Uma vez iniciados os sinais clínicos da raiva, nada mais resta a fazer, a não ser isolar o animal e esperar pela sua morte, ou sacrificá-lo na fase agônica. Como os sinais podem ser confundidos com outras doenças do sistema nervoso, é importantíssimo que seja feito o diagnóstico laboratorial. Este é altamente necessário, porém, pelo histórico da existência de morcegos hematófagos na região, a não vacinação e a ocorrência da doença em todas as categorias animais e em espécies diferentes (bovinos, equinos...), podem levar a uma suspeita de raiva.
A manipulação da carcaça de um animal raivoso oferece risco elevado. Deve-se ter extrema cautela ao lidar com animais suspeitos, pois pode haver perigo quando pessoas não preparadas manipulam a cabeça e o cérebro ou introduzem a mão na boca dos animais, na tentativa de desengasgá-los. Caso isso ocorra, deve-se procurar imediatamente um Centro de Saúde para atendimento.
Quando se suspeita de raiva em um animal é indispensável recorrer a um veterinário para a realização de uma necropsia e coleta de material para exames laboratoriais e confirmação da doença. O principal material para envio ao laboratório é o cérebro dos animais suspeitos (fragmentos de: cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal) parte refrigerado e parte em formol a 10%. Esse material deve ser enviado em um recipiente bem selado dentro de um isopor hermeticamente fechado e identificado.
Não existe nenhum tratamento efetivo para a raiva.
Para o adequado controle da raiva dos herbívoros, três medidas devem ser sistematicamente adotadas: vacinação dos animais, controle populacional do morcego hematófago e atendimento de foco.
- Vacinação
O animal deve estar saudável no momento da vacinação para que outros processos metabólicos e patogênicos não interfiram na resposta imunológica. Os cuidados de vacinação devem ser adequados quanto à via de aplicação, dose, conservação da vacina, tanto no momento da vacinação como desde a sua produção.
- Controle da população de morcegos Hematófagos.
As condições de meio ambiente existentes no Brasil vêm favorecendo o aumento da população de morcegos hematófagos.
Considerando a circulação do vírus da raiva entre as populações de quirópteros (ciclo aéreo da raiva), e a importância do morcego hematófago na epidemiologia desta doença nos herbívoros, medidas criteriosas e efetivas de controle devem ser seguidas.
Atualmente, as medidas oficiais de controle adotadas baseiam-se no uso da pasta vampiricida (à base de substâncias anticoagulantes), seja nos morcegos hematófagos ou nas mordeduras nos animais agredidos e no uso do mesmo anticoagulante na forma de gel pour-on (ao longo do dorso do animal) em todos os animais do rebanho.
- Atendimento de focos
Quando há comunicação de um caso suspeito de raiva em herbívoros, deve ser feita uma visita à propriedade e entrevistas com as pessoas ali residentes e/ou presentes, para que se conheçam pormenores da ocorrência da raiva. Devem ser feitos também a avaliação da sintomatologia dos animais suspeitos e exames clínicos de todos os animais do rebanho que estejam apresentando sintomas. A colheita de material para exame laboratorial também é indispensável. Somente exame laboratorial pode confirmar ou descartar o diagnóstico clínico.
Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR)
A Rinotraqueíte infecciosa bovina é uma doença viral causada pelo herpesvírus bovino tipo 1 (BHV-1). A IBR possui distribuição mundial e infecta bovinos e alguns ruminantes selvagens. O diagnóstico é feito através do isolamento do agente e sorologia.
Essa virose está presente em plantéis bovinos de praticamente todo o mundo. A taxa de animais positivos varia muito de uma região para outra, dependendo também do tipo de exploração pecuária realizado na propriedade (confinamento, extensiva, leiteira e corte). Quanto maior o contato entre os animais, maior é o contágio.
No Brasil, os levantamentos sorológicos já mostram uma frequência alta nos rebanhos, tanto de leite como de carne.
A principal fonte de contágio são gotículas expelidas pela tosse, secreções nasais, oculares, vaginais, sêmen e líquidos e tecidos fetais. Pode ser transmitido por aerosol, monta natural, inseminação artificial e contato vulva-focinho. Como todo herpesvírus, o vírus da IBR permanece latente nos animais que se recuperam da doença, que poderão voltar a eliminar o vírus no ambiente e podem apresentar novamente os sintomas em casos de diminuição da resistência (causada por estresse, transporte, infestação parasitária e outras doenças, parto...). Isso é chamado de reativação viral. A forma mais comum de contágio em rebanhos livres é a entrada de animais com o vírus na forma latente.
Bovinos de todas as idades podem ser afetados. Vários são os sintomas da IBR, que podem ocorrer separadamente ou simultaneamente:
- Forma respiratória: depressão, redução do apetite, febre, narinas congestionadas, corrimento nasal, erosões e úlceras com restos de tecidos necróticos, tosse e sialorréia (baba) espumosa.
- Forma conjuntival: corrimento ocular inicialmente claro e posteriormente com muco purulento; às vezes, ocorrem resíduos brancos necróticos nos olhos.
- Forma genital: ocorre tanto em vacas quanto em touros. Nas vacas, os sintomas são de incontinência urinária, cauda constantemente levantada, corrimento vaginal, vulva inchada, erosões e úlceras na mucosa, placas de material necrótico na vulva. Nos touros os mesmos sintomas são encontrados no pênis e prepúcio.
- Aborto: os abortos são frequentes. Qualquer uma dessas formas acima citadas podem levar ao aborto. Além do aborto pode ocorrer nascimento de bezerros mortos ou fracos.
- Diarreia em bezerros – este sintoma pode levar à desidratação e morte do animal.
- Outros sintomas: ocorre também depressão, apatia e queda na produção.
O diagnóstico da doença pode ser confirmado por exames laboratoriais. O vírus pode ser isolado em amostras de secreção nasal, da placenta e/ou fígado, rins e adrenais do feto. É necessário utilizar como método de diagnóstico complementar o teste de sorologia pareada da mãe.
Como as outras infecções virais, não há tratamento antimicrobiano para a IBR. Os antibióticos de largo espectro só devem ser usados pela prescrição de um veterinário, para prevenir perdas por infecções bacterianas secundárias que acabam aparecendo por causa da queda de resistência do organismo.
A vacinação contra a Rinotraqueíte Infecciosa Bovina é no momento a melhor opção para reverter os prejuízos causados por esta doença. Há disponíveis diferentes tipos de vacinas que serão aplicadas, uma vez realizado o diagnóstico clínico-laboratorial ou a partir de um programa sanitário pré-estabelecido.
A imunidade passiva de anticorpos maternos transmitidos através do colostro fornece resistência ao bezerro durante os primeiros 30 a 45 dias. Logo são necessárias a vacinação e revacinação para elevar o nível de anticorpos acima do nível de desafio. Às vezes, o momento de menor proteção pode coincidir com o de maior desafio, por exemplo, desmame precoce.
A recomendação de manejo não é somente aumentar a proteção dos animais, mas também diminuir o desafio evitando todas aquelas situações que aumentem o contágio e o estresse.
É importante considerar que as vacinas que hoje podemos utilizar não protegem o plantel da infecção, mas sim das manifestações clínicas da doença e de seus prejuízos econômicos.
Produto Vinculado: Poliguard, Fetiguard Selenium Max.
Tétano
É uma doença infecciosa, não contagiosa, altamente fatal, causada pela toxina de uma bactéria chamada Clostridium tetani, que entra no organismo através de uma lesão prévia. É caracterizada por rigidez muscular (tetania), podendo levar à morte por parada respiratória ou cardíaca.
Acomete todos os animais de sangue quente, inclusive o homem. Pelo fato da doença, na maior parte dos casos, ser causada por contaminação de ferimentos (na pele e nas mucosas) por terra, é também chamada de “Doença Telúrica”, ou seja, originária da terra.
Ao penetrar através de um ferimento ou solução de continuidade da pele em um animal suscetível, o microrganismo permanece aguardando o momento em que ocorre a cicatrização, fechando o ferimento, criando então um ambiente de anaerobiose (ausência de O2) para se transformar em sua forma vegetativa. É nessa fase que tem início a secreção e liberação da potente toxina (veneno) pelo germe, sendo essa a responsável pelo desencadeamento dos sintomas da doença, a qual é denominada de Toxina Tetânica. Entre as toxinas mais potentes conhecidas, a tetânica só é superada pela Toxina Botulínica, secretada também por outro germe do mesmo grupo, o Clostridium botulinum.
Pode ocorrer em animais de qualquer idade e sexo. Em animais recém-nascidos, a doença ocorre geralmente pela contaminação do umbigo pelo C. tetani. Em humanos, antigamente, era a doença conhecida como “Mal dos Sete Dias”.
Os sinais clínicos ocorrem uma a três semanas após a infecção bacteriana. Em bovinos e ovinos os casos ocorrem após manejo como castração, descorna, tosa ou remoção da cauda, por falta de cuidados higiênicos.
Os animais apresentam andar rígido com, os membros em forma de cavalete tremores musculares, trismo mandibular (impossibilidade de abrir a boca), prolapso da terceira pálpebra, rigidez da cauda, orelhas eretas (orelhas entesouradas, animal em estado de alerta), hiperestesia, rigidez dos músculos da face e dificuldade ou impossibilidade para defecar e urinar. Podem ocorrer convulsões, inicialmente quando há estímulo por qualquer barulho e, posteriormente, de forma espontânea.
O diagnóstico de tétano é realizado, essencialmente, pelo exame clínico, pelos sintomas e pelos dados epidemiológicos (história recente de lesão acidental ou cirúrgica).
Ao iniciar a doença deve ser administrado soro antitetânico na dose 100.000 UI por via intravenosa, repetindo quando necessário. Fornecer alimentação líquida e de fácil deglutição. Conservar o animal em abrigo isolado, escuro e sossegado.
Fazer drenagem e limpeza dos ferimentos com água oxigenada, infiltração de Penicilina G em torno da ferida e administração intramuscular de Penicilina G Potássica na dose de 25.000 UI/kg de peso, duas vezes ao dia até a cura do animal.
Fazer o uso de produtos relaxantes musculares.
Tricomonose Bovina
A Tricomonose Bovina é uma doença infecciosa sexualmente transmissível (venérea) de bovinos, causada por um protozoário denominado Tritrichomonas foetus, cujo habitat é o trato genital de bovinos, sendo transmitido do macho para a fêmea através da monta ou pelo uso de sêmen contaminado.
É responsável pela infertilidade caracterizada por infecções no trato genital, provocando aborto nas fêmeas e infecção assintomática (tricomoníase) nos machos, sendo esta última, a fonte de infecção durante sua vida reprodutiva.
É uma doença que se encontra praticamente erradicada em vários países que utilizam intensamente a inseminação artificial, contudo, ainda ocorre de forma endêmica em regiões onde o controle sanitário é deficiente ou o sistema de produção é extensivo com utilização de monta natural.
A presença da tricomonose em um rebanho pode ser percebida através da ocorrência de uma redução de 20-40% de prenhez, taxa de natalidade menor que a esperada e uma estação de nascimentos prolongada.
A doença, no entanto, não tem sinais clínicos característicos, portanto o diagnóstico deve ser laboratorial, pela observação do parasito em secreções vaginais, placenta, líquido abomasal de fetos abortados, líquidos de piometra e, principalmente, em esmegma prepucial de touros. A infecção não impede a fêmea de conceber, mas impede que o embrião se fixe na mucosa uterina, seguindo-se a morte do mesmo com reabsorção embrionária ou aborto.
Como o tratamento de fêmeas infectadas é praticamente ineficaz, aconselha-se o descanso sexual. A estação de monta favorece em muito para que a doença seja reprimida. As novilhas e vacas se recuperam após um período de 4 a 5 meses de repouso sexual.
A utilização de machos sadios ou sêmen comprovadamente negativo são primordiais para a eliminação da doença no rebanho.
Em vacas com piometra pode-se utilizar prostaglandina para a eliminação da secreção purulenta.
Os machos infectados devem ser descartados, pois são portadores assintomáticos, prejudicando o controle e a erradicação da doença.
Alguns técnicos indicam o tratamento medicamentoso, porém os resultados não são seguros, possuem custos altos e são demasiadamente variáveis.
Vários métodos podem ser utilizados para o controle da Tricomonose em rebanhos, sendo todos baseados na segregação de touros e fêmeas positivos.
O impacto econômico da infecção pelo Tritrichomonas foetus pode ser profundo, representado pelo descarte e reposição de animais inférteis (fêmeas repetidoras de cio, que abortam constantemente e touros infectados), custo do sêmen e pela redução no número de bezerros nascidos devido à reabsorção embrionária e abortos. Em rebanhos leiteiros, esses fatores provocam uma grande redução na produção de leite pelo alongamento do intervalo de partos. A combinação dessas perdas pode resultar na diminuição de 5 a 35% no retorno econômico, por vaca, em rebanhos infectados com T. foetus.
O agente da Tricomonose bovina foi observado pela primeira vez por Kunstler (1888) em vagina de vaca na França, e posteriormente, por Mazzanti (1900) no trato genital de fêmeas na Itália, que o denominou. Em 1944, o protozoário foi isolado do abomaso de um feto de sete meses de idade, na Alemanha. Até essa data, os casos de aborto eram creditados à brucelose bovina.
No Brasil, a primeira referência sobre a tricomonose bovina (TB) se deve a Roehe (1948) no estado do Rio Grande do Sul, que encontrou o protozoário no sêmen de touros utilizados na inseminação artificial (IA).
Tristeza Parasitária Bovina
A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é uma doença infecciosa e parasitária dos bovinos causada por um protozoário do gênero Babesia (Babesiose) e por rickttesia do gênero Anaplasma (Anaplasmose), transmitida aos animais pelo carrapato dos bovinos, Rhipicephalus (Boophilus) microplus.
A doença está distribuída por todo o Brasil, sendo considerada endêmica na maior parte do território, mas a sua maior ocorrência é na região Centro-sul e maior frequência no Estado do Rio Grande do Sul. O Anaplasma pode ser transmitido também por mosquitos hematófagos.
A TPB é conhecida no Brasil por vários nomes: "Tristezinha", "Pindura", "Mal da ponta", "Amarelão", "Piroplasmose", "Mal triste", dentre outros nomes.
Animais muito jovens já podem manifestar a doença (12 a 25 dias de vida). Porém, nesta fase a manifestação é mais branda devido à proteção via imunidade passiva (mãe – colostro – amamentação). Assim, a manifestação em animais mais velhos é mais severa, sendo o processo agravado quanto mais fraco o animal estiver.
O nome "Tristeza" representa bem o quadro que se vê quando um bovino está sofrendo de babesiose ou anaplasmose. Estas doenças são causadas por microorganismos que parasitam o interior dos glóbulos vermelhos (hemácias) dos animais, gerando sintomas sérios como forte anemia e apatia.
A doença costuma ocorrer em animais que estão entrando em contato pela primeira vez com os carrapatos. Isto pode acontecer com bezerros em processo de desmama, em seu primeiro contato com as pastagens, em animais que tenham sido mantidos confinados por um longo período de tempo ou mesmo em animais trazidos de regiões onde não existe o carrapato, como em muitos países do exterior.
O quadro começa com uma intensa apatia e prostração. Ao serem examinadas, as mucosas oculares (parte interna das pálpebras do animal) apresentam-se muito brancas ou amareladas, indicando a anemia ou a icterícia que se instala. A febre aparece e normalmente é alta, acima de 40ºC. Os animais ficam com a pelagem áspera e arrepiada. A urina pode apresentar cor de chocolate. Na babesiose por Babesia bovis podem ocorrer sintomas de agressividade e os sinais de pedalar, além de morte em 3 dias.
Os animais que se recuperam desenvolvem resistência à doença, mas podem sofrer recaídas se alguma outra enfermidade provocar debilidade geral ou se forem mantidos longe dos pastos e, consequentemente, dos carrapatos.
O veterinário poderá confirmar a doença nos animais acometidos através de exames de sangue relativamente simples.
Deve ser feito o tratamento específico com drogas que possuam ação direta sobre a Babesia spp, à base de Diaminazina, e o Anaplasma spp com antibióticos à base de oxitetraciclinas. O uso do Imidocarb é indicado para tratamento das infecções mistas por Babesia sp. e Anaplasma sp.
O uso suplementar de tônicos fortificantes, reconstituintes orgânicos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos e antitóxicos fazem com que o animal se recupere mais rapidamente.
Em primeiro lugar, deve-se dar atenção aos animais que estão sob risco de adquirir a doença, como bezerros. Ao primeiro sinal de febre, anemia e prostração deve-se recorrer ao auxílio de um veterinário.
Um cuidado muito especial deve ser dado a animais que venham de regiões sem carrapatos, como os importados. Se estes forem colocados diretamente no pasto, sem nenhum cuidado prévio, certamente irão desenvolver a doença e, muito provavelmente, morrer.
A principal medida profilática para controle da TPB é a adoção de medidas integradas, com o objetivo de reduzir as infecções nos animais e as infestações nas pastagens e animais, tais como controle do carrapato nos animais e nas propriedades, o monitoramento dos animais doentes e recuperados e o controle dos agentes etiológicos nos animais.
Atualmente muito se pesquisa sobre vacinas contra a tristeza bovina. Trata-se de um desafio para os cientistas, que sabem da gravidade desta doença no campo.
Produtos Vinculados: Oxitrat-LA, Diminazine, Diazen.
Verminose
Verminose é uma doença causada por várias espécies de parasitas, uns mais patogênicos e outros menos. A verminose causa grandes prejuízos, podendo levar até a 20% de redução da produção leiteira e diminuição do desenvolvimento de animais jovens.
Estima-se que bovinos parasitados com verminose chegam a apresentar perda de peso de até 40 kg por ano, aproximadamente.
Animais infectados com os vermes adultos eliminam ovos destes parasitos com as fezes. Os ovos transformam-se em larvas que contaminam novamente as pastagens.
A gravidade da verminose e a intensidade da infecção por vermes estão diretamente relacionadas com a espécie de verme e o grau de infecção, e este por sua vez, depende de diversos fatores, tais como as condições climáticas, solo, vegetação, tipo de exploração, raça e idade do animal, e o tipo de pastagem e condições dos animais.
Todos os animais criados a campo estão sujeitos à verminose, especialmente os mais jovens. Todavia o diagnóstico visual da verminose é muito difícil, a não ser em estágios mais elevados da doença, em que os animais apresentam emagrecimento, pelos secos e arrepiados, anemia, fraqueza e perda de apetite. Em alguns deles, aparece um aumento de volume sob a mandíbula, chamado no campo de "papeira".
Para a comprovação da verminose, submete-se o rebanho a exames laboratoriais, que devem ser solicitados pelo médico veterinário. Tratamento a base de vermífugos.
O controle dos vermes na propriedade requer medidas de manejo e principalmente a realização de exame de fezes através do OPGF e coprocultura que detectam os graus de infecção no animal e de infestação nas pastagens e os tipos de vermes presentes, para a aplicação correta de vermífugos (anti-helmínticos).
A aplicação deve obedecer ao controle estratégico, que recomenda vermifugar os bovinos no início da estação seca, meio da seca e início das águas para o gado de corte, e uma quarta aplicação no meio da estação chuvosa para o gado de leite. Este período coincide, em aproximadamente 60% do território nacional, com os meses de maio/julho/setembro.
Produtos Vinculados: Absolut, Aldazol 10 CO, Centurion, Lancer, Lancer LA, Prontal VP, Ranger, Ranger LA, Ranger LA 3,5%, Ranger Premix.
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ECTOPARASITAS
Miíase
Esta enfermidade é caracterizada pela infecção da pele dos animais por uma grande quantidade de larvas da mosca chamada Cochliomyia hominivorax.
As larvas da mosca da miíase invadem apenas tecidos vivos, ou seja, feridas expostas dos animais e também dos humanos, produzindo graves lesões. Essas lesões que são as miíases primárias são também chamadas de traumáticas, podendo aparecer ainda as secundárias, que são causadas por larvas que se alimentam de tecidos já necrosados.
Ciclo: As fêmeas da mosca Cochliomyia hominivorax depositam seus ovos sobre as feridas e, depois de aproximadamente um dia de incubação, surgem as larvas. Depois de maduras, as larvas caem no solo e passam por transformações até chegar à forma adulta e iniciar um novo ciclo.
São mais abundantes durante os meses mais quentes do ano, coincidentemente com os maiores períodos de chuvas. Nesse período uma alta população da mosca causadora da miíase encontra-se nos arredores das florestas, locais onde se concentram os bovinos e animais silvestres.
Os prejuízos causados são grandes. Estimasse em U$ 150 milhões de dólares anuais decorrente da baixa produtividade, gastos com tratamentos, danos ao couro e dependendo da localização e extensão das feridas parasitadas, até da morte dos animais.
Sintomas: caracterizam-se por uma ferida aberta com mau cheiro, com sangramentos e presença das larvas no local, ocorrendo necrose dos tecidos e, como consequência posterior, a possibilidade de retardamento do processo cicatricial.
Em lesões mais graves, o animal tem a sua vitalidade reduzida, podendo ocorrer a perda das funções dos tecidos lesionados. Nos ferimentos causados pelas bicheiras ocorrem invasões de microorganismos diversos, levando ao aparecimento de uma infecção purulenta, que piora o caso clínico do animal. Estas são as infecções secundárias causadas por bactérias.
As lesões em que as larvas se encontram não cicatrizam e, com isso, atrairão mais fêmeas adultas da mosca, que depositarão mais ovos, agravando progressivamente o quadro. Em função da rapidez da evolução da doença, bastam apenas poucos dias para que o animal apresente-se severamente afetado. Animais com extensas áreas do corpo tomadas pelas larvas emagrecem muito, ficam apáticos e com febre, podendo inclusive vir a morrer.
Para o tratamento curativo das miíases são utilizados produtos organofosforados na forma líquida, pó, pasta, "spray" ou produtos injetáveis à base de avermectinas .
A forma mais eficiente de se tratar uma bicheira é colocar o produto inseticida na lesão com posterior remoção das larvas mortas. Uma característica da mosca da bicheira é colocar os ovos de dentro para fora da lesão, ficando na forma de camadas (interna, média e superficial), por isso, deve-se fazer a retirada das larvas para que se possa atingir as camadas mais profundas, fazendo com que o medicamento funcione corretamente. A utilização de antibióticos pode ser necessária para o tratamento de infecções secundárias.
Evita-se a enfermidade através do controle estratégico da mosca, ou seja, realizando dois tratamentos por ano. O primeiro no início da estação seca, com produtos à base de piretróides na forma de pulverização, imersão ou "pour on"; o segundo, no início da estação chuvosa, com produtos à base de organofosforados. Para o controle efetivo da mosca da miíase, essas aplicações devem ser regionais, ou seja, realizadas por todos os proprietários da área a ser controlada. Produtos endectocidas (avermectinas) também previnem as bicheiras.
Outras medidas preventivas importantes dentro de uma propriedade são o manejo correto dos animais, das pastagens e das instalações. Ao encontrar um animal com bicheira, este deve ser tratado imediatamente, evitando que se crie uma condição favorável que atraia as moscas.
Medidas de como evitar ferimentos desnecessários devem ser tomadas e, se acontecer o ferimento, a sua assepsia tem que ser imediata.
O umbigo dos bezerros recém-nascidos deve ser curado imediatamente após o nascimento.
Métodos eficientes para o combate desse parasita são: Absolut, Ranger, Ranger LA, Ranger 3,5% LA, Lancer LA, Ectofós, Flytick, Matabicheira Azul, Controller CTO Pour-On, Unguento Vallée e Valléecid Spray.
Produtos Vinculados: Absolut, Flytick, Lancer, Matabicheira Azul, Ranger, Ranger LA, Ranger LA 3,5%, Unguento Vallée, Valléecid Spray.
Mosca-dos-chifres
A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) atualmente é considerada um dos ectoparasitas mais importantes dos bovinos das Américas, assumindo um grande papel como entrave no desenvolvimento da pecuária brasileira.
As moscas permanecem no dorso dos animais picando-lhes periodicamente e sugando-lhes o sangue. Isso provoca um grande estresse, ocasionando perdas na produção de carne, leite e menor desenvolvimento dos bezerros.
As moscas permanecem sobre os bovinos 24 horas por dia, e saem apenas quando estão no momento de colocar os seus ovos nas fezes. Quando os animais defecam, as moscas que estão prontas para desovar voam até as fezes frescas e ali depositam seus ovos, retornando em seguida para o mesmo animal. As larvas eclodem e transformam-se em pupas e, depois, em moscas adultas.
O ciclo da mosca no Brasil dura, em média, 30 dias. Na época das chuvas, porém, esse ciclo pode ser reduzido para 7 a 10 dias, pois há condições ideais de temperatura e umidade do ar.
No Brasil, os prejuízos econômicos atuais causados pela mosca-dos-chifres são estimados em US$ 150 milhões de dólares. Estes prejuízos são decorrentes principalmente da diminuição da produtividade (exemplificando, 200 moscas podem induzir uma redução de 10 a 15% no ganho de peso), do gasto com tratamentos, entre outros.
Atribui-se à mosca-dos-chifres, a condição de vetora de várias doenças nos bovinos, como as bacterianas, as rickettsioses (anaplasmose) e a tripanossomose. Acredita-se também que a mosca-dos-chifres seja vetora das larvas da Dermatobia hominis (berne).
O diagnóstico é feito pela observação da presença da mosca no rebanho. A Haematobia irritans pode ser facilmente reconhecida, pois se encontra em grande quantidade sobre os animais e frequentemente tem sua cabeça voltada para baixo. O comportamento dos animais também é um indicativo da presença da mosca. Ficam inquietos, não se alimentam adequadamente e, consequentemente, ocorre diminuição da produção de carne e leite, irritação da pele no local da picada, anemia e perda de qualidade do couro.
Para o tratamento dessa infestação podem ser utilizados inseticidas aplicados por pulverização, banhos de aspersão ou imersão (piretróides e organosfosforados) e pour on (piretróides e organofosforados), avermectinas na forma de pour on e brincos mosquicidas.
Para controlar a presença da mosca-dos-chifres em uma propriedade deve-se realizar o controle estratégico, que recomenda duas aplicações por ano. A primeira, no início da estação seca, com produtos à base de piretróides nas formas de pulverização, banhos de aspersão, imersão ou pour on e/ou brincos na orelha. A segunda, no início da estação chuvosa, com produtos à base organofosforados, nas formas de pulverização, banhos de aspersão ou pour on e/ou brincos na orelha. Qualquer um dos tratamentos podem ser substituídos por endectocidas pour on do grupo das avermectinas.
Durante o período chuvoso, devem ser realizados tratamentos táticos sempre que o número médio de moscas for de 200 por animal. O controle deve ser regional, ou seja, realizado por todos os proprietários da área a ser controlada.
Produtos Vinculados: Neocidol B40, Ectofós, Flytick, Flytick Plus, Controller CTO Pour-On.
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FICHEIRO DE IMAGENS
Berne > http://imgur.com/hE7VvG1
Miíase > http://imgur.com/mDENRUH
Tricomonose > http://imgur.com/PzqebXi
Ciclo da Coccidiose > http://imgur.com/ydF6V5M
Ciclo evolutido da Mosca-do-chifre > http://imgur.com/hlIqx9H
Tristeza Parasitária Bovina > http://imgur.com/2ojxDNy
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BIBLIOGRAFIA
http://www.infoescola.com/doencas/lingua-azul/ às 23h14min, 03/11/2012
http://www.vallee.com.br/produtos/bovinos-de-corte/doencas/ às 23h53min, 03/11/2012